O discurso da ingratidão de Lula em relação a FHC faz tanto sentido quanto o da ingratidão de FHC diante de Collor. Afinal, da mesma forma que seria impensável o crescimento com inclusão dos anos Lula sem a estabilidade advinda do Plano Real, o êxito deste só foi possível graças ao estupendo acúmulo das reservas internacionais gerada pela abertura ao mercado financeiro na era Collor. Sem diminuir a importância do Real, que soube aliar o engenhoso modelo da URV com a contenção dos déficits públicos, principalmente pela escalada da receita tributária, vale lembrar que a hiperinflação foi debelada não apenas no Brasil, mas em todo o mundo. O aumento da liquidez internacional após a globalização financeira foi condição sine qua non para o sucesso dos planos de estabilização mundo afora, Real incluído. Ademais, se o PT foi contra o Plano Real, também se pode aventar que a política econômica do PSDB não geraria o crescimento com inclusão, já que predominava a ideia de que a ascensão da renda das camadas mais baixas seria inflacionária. Em suma, FHC e Lula, cada qual teve sua virtu e sua fortuna, seus méritos e deméritos. Certo estava Caetano Veloso quando disse ser um luxo para o Brasil ter FHC seguido por Lula na Presidência. Completo: neste caso, a mudança na ordem dos fatores alteraria o produto.
JFQ
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