quarta-feira, 20 de abril de 2011

Uma história real de vingança na escola

Mayra Dias Gomes


Bullyng se tornou assunto quente de repente. A palavra é tão nova no nosso vocabulário que nem sequer tem tradução para o português. Mas quem pode dizer que nunca sofreu algum tipo de intimidação ou violência durante os complicados anos escolares?

Eu sofri. E estaria mentindo se dissesse que nunca senti vontade de me vingar de quem mexia com minha autoestima.

Quando escrevi meu primeiro livro, "Fugalaça", aos 17 anos, essa mesma ideia estava na minha cabeça. Felizmente, usei o papel para expressar minha revolta e consegui superação.

Não foi o caso de outros como Eric Harris, Dylan Kleblold e Wellington Menezes de Oliveira, agora conhecido no mundo todo por seu crime bárbaro e inexplicável. Ou do americano Marty Puccio, sua namorada Lisa Conelly e mais cinco amigos. Os sete foram apelidados de The Broward County Seven depois de terem sido condenados pelo assassinato de Bobby Kent, melhor amigo de Marty, em 1993.

A história é tão chocante que ganhou um livro, "Bully: A True Story of High School Revenge" (a verdadeira história de uma vingança escolar, em inglês), e um filme dirigido por Larry Clark, encurtado para "Bully".

O filme retrata Bobby Kent como um bully de dar nojo: sacana, manipulador e violento, vive batendo em Marty e até o obriga a se envolver em atividades homossexuais para ganhar dinheiro. Até que a namorada de Marty descobre que está grávida. Ela decide, então, que Bobby precisa sumir, ou seja, morrer.

Depois do crime, os adolescentes pagam a pena.

A lição é clara. Nas palavras de Martin Luther King, "aquela velha lei do olho por olho acabará deixando todos cegos". O que fazem conosco nos cria, mas sempre podemos procurar tratamento e evitar que um ato covarde de violência termine com a nossa vida e acabe a definindo.

* Publicado na Folha de S.Paulo, em 18/04/2011.

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