Diálogo 1: “Você
acha que o Lula não sabia do mensalão?”. “O mensalão é uma farsa!”. “Fala
sério, o Zé Dirceu ficava na sala ao lado!”. “Marcos Valério participou de
reuniões na Casa Civil”. “Discutiam publicidade, contratos com o governo”. “Sarney,
Renan, que laia!”. “Êpa, o Renan foi ministro da Justiça do FHC”. “E o negócio
do filho do Lula, hein, como você explica?”. “Explicar o quê?”. “Lembra da
Erenice, amiga da Dilma?”. “Traga-me as provas!”. “O Cachoeira que detonou esse
negócio, filmou o cara dos Correios exigindo propina”. “Temos instituições, MP,
STF e o escambau”. “Esse Lewandowsky e esse Tóffoli são uns vendidos”.
Diálogo 2: “Você
acha que o FHC não sabia da compra de votos para a reeleição?”. “Nada foi
provado, nada foi provado”. “Fala sério, você acredita mesmo que compraram só
dois deputados?”. “Se é que compraram...”. “As privatizações, o Cacciola?”. “Repito,
nada provado!”. “Claro, com essa mídia subserviente, com o Aristides Junqueira,
o engavetador-geral da República, o que você queria?”. “O Cachoeira detonou o hipócrita
do Demóstenes, o Perillo por tabela”. “Marcos Valério começou em Minas, com o
Azeredo”. “Temos instituições, MP, STF e o escambau”. “Esse Gilmar Mendes e
esse Barbosa são uns vendidos”.
Intimamente, o
respeitável público acredita que tanto Lula como FHC sabiam dos “malfeitos”
cometidos pelos respectivos aliados. Creem que mensalões e compras de votos, à
direita e à esquerda, ocorreram de fato. Ainda assim, tenta-se-lhe convencer que o xis da questão
é a ética, na verdade, um pretexto. Que papel!
Quem sabe, no
próximo ato cairá a máscara?! Por que não se assume de uma vez que o problema
não é ético, mas ideológico, programático? Que as falas não buscam a “depuração”
das relações de poder, mas a escolha deste ou daquele modo de desenvolvimento, deste
ou daquele modelo de país?
Por que os petistas
não admitem que, sim, houve mensalão, mas preferimos um Estado que interfira
mais no mercado, que promova políticas como o bolsa-família, as cotas, o
Prouni? Por que não admitem que o discurso do monopólio da ética não faz mais
sentido, em que pese o discurso do monopólio da corrupção não ser menos
ridículo?
Por que não admitem
os tucanos que preferem um modelo mais orientado ao mercado, ao estilo
norte-americano, com o mínimo de participação estatal? Por que não admitem,
ainda, que, assim como as políticas antiinflacionárias e o bolsa-família, o PT
também copiou deles mensalão?
A política é um
teatro, mas os atores não são somente “os caras de Brasília”. Nós, nos palcos
da rua, do trabalho, da casa, do boteco, dos facebooks da vida, também fazemos
nossa cena.
Atuemos, pois, como
se a ética fosse nossa bandeira, quando, de fato, queremos que uns ou outros
governem. Há quem espere a terceira via como quem espera Godot!
A todos, saudações:
merda!
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